01/06/2015 22:26

A violência no Brasil tem cor, idade e sexo.

Quase cinco brasileiros morrem por hora no país vítimas de homicídio. Jovens entre 15 e 29 anos são as principais vítimas das mortes por armas de fogo, segundo o Mapa da Violência/2015. 24.882 pessoas nessa faixa etária morreram em decorrência do disparo de algum tipo de arma de fogo, o que corresponde a 60% dos óbitos desse tipo. O levantamento mostra também que 95% dos jovens vítimas fatais eram do sexo masculino. Entre 2003 e 2012, 320 mil negros foram assassinados no Brasil. Apenas em 2012 morreram 2,5 vezes mais negros do que brancos.

É razoável lidar com naturalidade com essa realidade de homicídio em massa de jovens no Brasil? E por que isso acontece? Não nos enganemos. É porque os que morrem são em sua maioria negros, pobres, invisíveis. Por trás de um milhão de mortos, há um milhão de mães, de famílias, de vidas roubadas, de histórias interrompidas.

Nos últimos dez anos a violência letal entre os jovens negros aumentou 32%. Há muitas causas para o problema dos homicídios no Brasil. Uma delas consiste no sistema de Justiça e Segurança, que tem sido historicamente marcado por uma distribuição seletiva de justiça e impunidade. Um sistema altamente ineficaz no combate à criminalidade, profundamente marcado pela violência policial e por prisões conhecidas por suas condições medievais.

É lamentável que nesse contexto o Congresso Nacional, ao invés de discutir políticas públicas para poupar vidas e promover direitos da juventude brasileira, venha pautar, na contramão, o projeto da redução da maioridade penal, como se os jovens fossem os maiores responsáveis pela violência e não as maiores vítimas.

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Pedro Kemp In Blog